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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Moeda de dois Caras


Todos os dias as notícias nos dão conta de que o Brasil caminha celeremente em direção a esta onda populista que impregnou a América Latina, e que se diga, não foi por acaso, mas como consequência de um passado de descaso das elites em relação ao povo pobre que sempre lhes serviu, criando um campo fértil para este populismo desenfreado. Assim surgiram Lula e Hugo Chaves que ficam cada dia mais assemelhados apesar de diferentes nuances de métodos, no caso do brasileiro, não tão truculento mas esperto, porém insidioso tal qual um hábil animal perseguindo sua presa. Os outros mandatários deste continente sul americano, estimulados e deslumbrados pela descoberta do mapa da mina que abre as portas da popularidade fácil, este verdadeiro "abracadabra" , copiam e adotam o modelito da moda, já que agora têm o tecido e a tesoura nas mãos. É fácil ser popular e querido pelo povo quando o dinheiro corre solto e quando se corrempe mais ainda um tecido já corrompido; difícil mesmo será depois promover este povo ao nível de desenvolvimento sustentável. Bem, mas isto não é problema deles, que só vivem o aqui e o agora. No que tange ao nosso país, Lula largou mão de representar a redenção do proletariado: ironicamente, tornou-se o maior aliado da classe empresarial e de banqueiros, antes seus inimigos, agora seus heróis. Até Eike Batista tem um papel relevante nesse quebra-cabeças tão intrincado para tantos, mas tão cristalino para o lulo-petismo, que aprendeu a usar a elite ao invés de atacá-la. Hoje se servem dela e vice-versa, criando um conluio dos mais perfeitos e pervesos "como nunca antes na história deste país". Quem diria! Assim, sem cerimônia nem limites éticos, Lula e sua escolhida Dilma vão continuar nos palanques a convencer os ingênuos e despossuídos de suas auras de bondade, dobrando a espinha dorsal da oposição com a farta distribuição de bolsas-família e outros benefícios a rôdo, tudo isto cuidadosamente programado para ser identificado como justiça social e amor ao povo,de tal forma que a crítica a este modelo seja imediatamente taxada de "conservadora" e "inimiga dos pobres", ainda que o "progresso" deste povo consista apenas na aquisição de alguns parcos bens materiais, permanecendo sem perspectivas de futuro, porque para gente muito pobre, futuro sem Educação e Saúde não existe, mas um pote de danone adquirido no supermercado corresponde a um sonho de consumo realizado. E sonho realizado dá muito voto. Enfim, Lula e Chaves são os Caras "de facto", as duas faces de uma mesma moeda, a do continuísmo no poder a qualquer custo. Aguardemos o alto custo moral disto para o Brasil em termos de lassidão ética e dos bons costumes. Eles passarão, mas os meninos de hoje que a tudo assistem e testemunham, sem conseguir discriminar com clareza os valores que ajudam a construir uma nação, são os herdeiros do futuro e, por Deus, que futuro será este se não lutarmos por questões de princípios, pelo aprêço ao mérito como forma de progresso material e pessoal?
ELIANA FRANÇA LEME

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