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domingo, 26 de fevereiro de 2012

O pau comeu na casa de Noca

Neil ziriguidum Ferreira

Entre mortos e feridos neste carnaval, salvamo-nos todos. Em Sumpólo, a Gaviões da Fiel, do Córintcha, saiu com um enredo beatificando e santificando São Lula e pegou um vergonhoso 9º lugar. No Rio, a bolivariana Vila Isabel, teúda e manteúda do cumpañero Tchávez, chegou em 3º lugar . Nem por isso o Rio está a salvo, vi fotos do honorável ex-presidiário Belo aos abraços com o prefeito Eduardo Paes, do PMDB; sinto aí cheiro de clorofila.

Em Sumpólo, nunca vi uma festa do povo acabar com tanta pancadaria e baixaria. Não sei quem é a Noca em cuja casa o pau comeu, nem quem é o João Sem Braço, costumeiro dador de golpes na praça, cujo golpe nesse caso era melar o resultado.

O sucedido sucedeu há 3 dias, uma eternidade para a curta memória nacional. Não me meto a me afogar em águas tão passadas. É exemplar a amnésia do Bloco Unidos dos Urubus, os Onze de Brasília, estilosamente fantasiados com suas capas pretas à conde Drácula. O julgamento dos mensaleiros continua esquecido sob a poeira, nos seus caixões de repouso diurno; dormem o dia inteiro, suspeita-se; são avessos à luz do Sol, afirma-se.

O que vi, vi igual ao que você viu, só que diferente. Vi pela tevê um cidadão de camiseta azul discordar da contagem dos votos e democráticamente exercer sua cidadania. Pleno de coragem revolucionária, expropriou os votos ainda não divulgados e os destruiu com as mãos limpas, à vista de todos, como se nada tivesse a temer (não confundir o verbo “temer” com o marido da Marcela).

A tevê mostrou tudo da baixaria, só vou falar uma coisa. A Gaviões da Fiel adentrou o gramado certa de que iria levar o caneco, entrou no vácuo da baderna, tocou fogo em carros alegóricos e invadiu a Marginal, provocando pânico. Estava no vergonhoso 9º lugar, onde ficou. Dito o quê, peço licença para apresentar o meu enredo.

“Em Sumpó... tem carná / Tenho um fusca e um viô / Sô Córintcha e jogo no chão uma talagada / pro santo São Lula...” Ops ! “Ops !” é a interjeição “Opa !” em internetês, como “blz”, que é “beleza”. Então, ops, citei um trechinho do “Samba do Petista Doido”. Usei essa sintaxe para mostrar que sou mudérrrno e escrevo em jovês.

O sutaque com que falei “mudérrrno” é canadense. É igual a “mudêlo” significando “modelo”, como pronunciado pelo encenador canadense Lindbergh Farias, PT/RJ, numa discussão com o senador Aloysio Nunes, PSDB/SP, o mais votado do Brasil, ao afirmar que “u mudêlu de privatição petista é melhor do que u mudêlo tucano”. “U mudêlu” pode ser melhor, “o modelo”não é. Farias foi o ai Jesus das menininhas assanhadas quando era cara-pintada, nas passeatas que ajudaram a derrubar Collor, de quem é aliado hoje.

É necessário compreender o significado de “blz”. Manuela d´Avila, aquela fofurinha do PCB/RS, foi a mais jovem e mais votada deputada federal pelo Rio Grande do Sul. Era vice-presidenta da UNE e precisava de uma campanha jovem e intelectual, para marcar posição.

Apareceu com um slogan que mataria de inveja Duda “Goebbels” Mendonça, autor confesso da embromação nunca antes vista nesse país, “Lulinha Paz e Amor”, pela qual recebeu “tax free” gordas quantias de dólares, num paraíso fiscal.

As palavras mágicas da Manuela na campanha foram “Aê blz !” propaganda reveladora do que a candidata era e é -- que lhe renderam uns 500 mil votos, reveladores do que seus eleitores eram e são.

Manu era fofinha sim, ou mais; numa entrevista confessou que dos 15 aos 17 anos jogou ao mar 40 quilos de carga extra, não se sabe à custa de quais sacrifícios, imagine a vida sem chocolate e com Coca Zero. Sendo a mais cobiçada belezinha da Câmara, cedeu aos encantos do deputado federal José Eduardo Cardozo, PT/SP, atual ministro da Justiça, com quem engatou prolongado namoro, não sei se dura até hoje.

Não estou ao par dos assuntos de alcova do Congresso, a não ser aquele da Mônica, do Renan Avacalheiros, que saiu nua em pelo(s) na Playboy, vista por todos que, como eu, compram a revista para alegadamente ler as entrevistas “cabeça” que publica – e não para olhar com olhares lúbricos aquelas fotos cabeludas ou descabeladas que saem no folder central.

Voltemos à vaca fria, a Gaviões da Fiel, escola de samba do Córintcha e sua derrota de goleada. O enredo deste carnaval foi uma homenagem ao Cara, que queria porque queria sair no carro alegórico, para cantar com a lingua presa a preciosidade da qual aqui vai um trechinho: “Viu… No coração do Brasil / Tanta desigualdade / O retrato da realidade / A utopia buscando a dignidade!/ Solta o grito da garganta e vem comemorar / A soberania popular/ Felicidade… / O povo unido venceu / A cidadania resplandeceu /Uma nova era aconteceu!”. Foi impedido pela conspiração da junta médica, que o impediu de sair e nos poupou do vexame de ver e escutar.

Cultuado pelo enredo como um novo São Jorge, embora a Igreja tenha derrubado o santo do cavalo; como um padim Padi Ciço redivivo, que derrotou sózinho a ditadura milical; inventou o Plano Real e estabilizou a economia; acabou com a fome e nunca ameaçou a liberdade de imprensa. Percebo aí as digitais do Duda “Goebbels” Mendonça. Seus acólitos afirmam que são dele as “Tábuas da Lei”, a.k.a. “Dez Mandamentos”, que escreveu ao ser ungido “ghostwriter” de Jeová. A verdade é o avesso do avesso do avesso, sabe-se.

O palanque móvel desfilou na madrugada de domingo, muito tarde para os meus costumes espartanos. Como você notou por este relato pleno de honestidade, nada vi, nada ouvi e não gostei. Daí, este texto que vai como o Samba do Afrodescendente com Deficiência Mental.

A Gaviões da Fiel perdeu feio, o que prova que em Sumpólo o Cara é um tremendo pé frio e não ganha nem desfile de escola de samba. Brimo Haddad que se cuide.

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NEIL FERREIRA
PCC - POVO CONTRA A CORRUPÇÃO

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