(No Estadão online, sexta-feira, 4.11.2011)
É pouco provável que esta carta seja publicada, mas, considerando o editorial A volta por cima (3/11, A3), quero defender os que se tem manifestado nas mídias e redes sociais criticando o atendimento privilegiado dado ao ex-presidente Lula quando descobriu que tinha um câncer na laringe. Não creio que eles tenham "mentalidades encardidas" ou "recalques". Vejo as seguintes razões para tanta insatisfação: pagamos impostos pesadíssimos, de Primeiro Mundo, (inclusive a contribuição em cascada chamada CPMF) para que a saúde pudesse ser melhorada e, nos oito anos do governo Lula, pouco foi feito; foram muitos os "arroubos autocongratulatórios" de Lula, entre os quais o de afirmar que faltava pouco para a saúde atingir a perfeição – tripudiando em todos os que sofrem a realidade das filas do SUS; se Lula ganhou muito dinheiro no cargo, e em conferências altamente remuneradas, esse dinheirama teve sua origem, principalmente, no bolso dos sacrificados contribuintes; além de pagarmos muito para o governo, somos obrigados a ter convênios particulares (caríssimos, ou não confiáveis), pois a rede pública de saúde continua péssima; o fato de Lula "jogar limpo" com a informação de sua grave doença não é mérito mas sim esperteza, pois já se confirmou nos casos José Alencar e Dilma, que o eleitor decide mais pelo coração do que a razão e o "simpático lutador contra terrível doença" ganha piedade, mais apoio e popularidade; e finalmente, o câncer é uma doença assustadora e terrível, mas é muito difícil encontrar alguém que não tenha perdido amigo ou parente para ela (eu mesmo perdi avô e pai). Deus queira que não, mas todos estamos sujeitos a ter essa doença. Se tivéssemos um Sistema Único de Saúde (SUS) correspondente ao muito que já contribuímos para isso no governo Lula (e anteriores, para sermos justos), aí sim todos os brasileiros poderiam, em igual situação, dar "a volta por cima", e não só sr. Lula da Silva!
Silvano Corrêa
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