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terça-feira, 16 de agosto de 2011

PRINCÍPIOS REPUBLICANOS

(No Estadão online, terça-feira, 16.08.2011)
Excelente e esclarecedor o artigo do prof. Denis Rosenfield (A2,15/8). Acho, porém, que os princípios republicanos de uma nação começam com leis melhores e com vergonha na cara de seus políticos e governantes. No Japão, por exemplo, político pego em corrupção é levado pelas tradições a cometer harakiri diante das câmeras. Na China, todos entendem e aprovam que certos crimes sejam punidos com um tiro na nuca, e o custo da bala cobrado da família do criminoso. Em obra que li recentemente sobre o Afeganistão (Caravans de James A. Michener), o personagem da Embaixada Americana manifestou seu repúdio quando um simples larápio fora punido, em praça pública, com o decepar da mão direita. A resposta do líder local foi emblemática: reconheceu que a punição fora muito pesada, mas, "só assim, todos os demais cidadãos entenderiam que devem respeitar a lei e não roubar". Ou seja, confirma a sabedoria milenar, dura lex sed lex, (a lei só é respeitada quando é forte e claramente aplicada). Enquanto não cultuarmos leis melhores iguais para todos, consciência de culpa e vergonha na cara dos responsáveis, não tem jeito: continuaremos sendo o "reino" da corrupção, do jeitinho, das maracutaias e mutretas e, na anarquia de falta de Justiça, os espertos e inescrupulosos continuarão acumulando riqueza ilícita enquanto o trabalhador/contribuinte sustenta a "festa" de amigos do rei (ou da rainha). No meu entender, são essas as bases sine qua non de uma nação justa e igualitária, onde seria garantido o progresso pelo trabalho honesto, riqueza e felicidade relativa para todos. Será que um dia chegaremos lá?
Silvano Corrêa

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