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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

NÃO ROUBA, NÃO FAZ

(No Estadão impresso, quinta-feira, 3/02/2011)
DE PROMESSAS
O articulista José Nêumanne, em seu Do "rouba, mas faz" ao "fala, mas não faz" (2/2, A2), mostra um dos grandes absurdos do governo Lula: o falatório inoperante, incompetente e pernicioso. Lembra que um projeto para prevenção de desastres naturais, comprometido por nós com a ONU em 2005, orçado em R$ 115 milhões, ficou à míngua, enquanto R$ 1,2 bilhão foi destinado à construção ou locação de prédios suntuosos para repartições públicas. Ou seja, o conforto e a mordomia de repartições são mais importantes para elles do que prevenir contra a morte de cidadãos trabalhadores, honestos e que pagam suas contas. Na época foram previstos dez anos para a conclusão desse projeto e agora a presidente Dilma faz a mesma promessa, mas com prazo de quatro anos, que afirmam os técnicos ser insuficiente. Nosso ex-presidente muito falou, muito prometeu e pouco fez. Agora, o "abacaxi" que deixou para a sua sucessora terá de ser descascado em tempo recorde (e não viável). Será que a razão desse problema está no fato de a construção de prédios permitir mais caminhos para o superfaturamento do que o projeto sugerido pela ONU? Assim, chegamos à seguinte conclusão: se existe o "rouba, mas faz", de um lado, e o "fala, mas não faz", do outro, significa que, no Brasil, se "não rouba, não faz". E todos os que trabalham muito para pagar os pesados impostos terão de continuar arcando com a parte que está sendo roubada descaradamente pelos que se apropriaram do poder e da "caneta" para distribuir esse dinheiro. Infelizmente, o nosso Brasil é como um pesado e sobrecarregado barco, com velas mal ajambradas, lutando com os ventos conflitantes de ambições políticas, dominado por verdadeiros "piratas" e no qual o trabalhador está acorrentado nos porões, tendo de remar na direção e na velocidade determinadas pela bandidagem de plantão. Uma realidade triste e assustadora. Até quando?
SILVANO CORRÊA

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