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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

VAMOS APRENDER?

(No Estadão impresso, sexta-feira, 21/01/2011)
CHUVAS E TRAGÉDIAS
Todo ano no verão chegam as chuvas, causando enchentes, deslizamentos, enxurradas e tragédias. Este ano superou todas as expectativas e só no Estado do Rio temos mais de 750 corpos achados e mais de mil mortes estimadas, incluindo os desaparecidos. Será que finalmente vamos aprender com tais desgraças? No artigo O marketing cínico do dilúvio anunciado (19/1, A2), José Nêumanne aponta para o fato de que na Região Serrana do Rio quase não existe terreno sem risco para abrigar a população, só montanhas e vales. Por razões diversas, cerca de 5 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco - estimativa do ministro Mercadante. Todas essas pessoas correm risco de vida. Temos um monumental problema, em especial considerando que muitos dos atingidos são crianças, que não conseguem se defender da força de enxurradas. Gostaria de sugerir o seguinte projeto: reunir especialistas para elaborarem sistemas de contenção da força das águas. Todas as áreas de risco seriam mapeadas e acima delas, ou nas margens de rios e córregos, sistemas para reduzir os efeitos de temporais seriam construídos, como barreiras, muros de arrimo, diques, amarração de rochas ou pedras, blocos de concreto cravados com estacas em posição estratégica, plantas que absorvem umidade e têm raízes resistentes colocadas nos caminhos, tudo para dificultar o deslocamento de água e detritos recolhidos na passagem, etc. Só depois tais áreas seriam liberadas para construção e habitação, e o poder público deveria ainda orientar o cidadão a tomar precauções extras. Finalmente, deveríamos ter um planejamento sério com pessoas treinadas para lidarmos com desastres não previstos. O atual plano de alerta, sozinho, não vai funcionar, pois apitos, sirenes e avisos por celulares não levarão pessoas a abandonar seus lares e pertences sem prévio planejamento urbano sério, com o confiável apoio das autoridades. A vida de cada cidadão e os pesados impostos que já pagamos nos permitem exigir um tratamento sério e definitivo. Chega de omissão ou quebra-galhos dos que muito ganham para nos governar!
SILVANO CORRÊA

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