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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Vivendo dentro da ficção

17/08/2010


Tenho a impressão de estar vivendo hoje dentro do enrêdo do livro de George Orwell - 1994 - pois, de repente me sinto cidadã de Oceania e não uma brasileira .

Vejam este trecho do livro:
"...a sociedade oceânica repousa na crença de que o Grande Irmão é onipotente, e o Partido infalível"...e para que essa crença se mantenha..."é preciso haver uma incansável flexibilidade, de momento a momento, na interpretação dos fatos. Aqui a palavra-chave é negrobranco....tem dois sentidos mutuamente contraditórios. Aplicada a um adversário , caracteriza o hábito de afirmar impudentemente que o negro é branco. Aplicada a um membro do Partido, significa leal disposição de dizer que o preto é branco quando o Partido o exige. Significa também a capacidade de acreditar que o preto é branco, e mais ainda, de saber que o preto é branco, e de acreditar que jamais se acreditou o contrário. Isso exige contínua alteração do passado, possibilitada pelo sistema de raciocínio que na verdade abrange tudo o mais, e que em Novilíngua se chama duplipensar".

Duplipensar nada mais é do que o consciente e proposital contrôle da realidade, ou seja, a violação da realidade pelo Partido por ordem do Grande Irmão, onde eles sabem que criam uma mentira, ao mesmo tempo que nela acreditam. No livro o autor imagina que ... "O duplipensar é a pedra basilar...já que a a ação essencial do Partido é usar a fraude consciente ao mesmo tempo que conserva a firmeza de propósito que acompanha a honestidade completa"...ou seja "dizer mentiras deliberadas e nelas acreditar piamente..."
(Companhia Editora Nacional - 6a Edição, pag.200).

O mais dificil , no momento , é nos fazer acreditar piamente nestas deliberadas mentiras...os institutos de pesquisas que me perdoem...

O impossível será nos obrigar a aceitar uma clara e evidente pseudo-realidade que nos será imposta de maneira fraudulenta.

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