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domingo, 13 de junho de 2010

Os santos, esses coitadinhos. Por Marli Gonçalves

Atrasei para falar de Santo Ant�?nio. Mas ainda dá tempo de tricotar sobre o São João, que parece que também sabe e gosta de resolver pendengas. Mas tem que dar alguma coisa, fazer o salamaleque todo. Amassar pão, barro, cheirar ervas, pegar na pimenta, cortar pau.


Pobre Santo Ant�?nio. Essa hora deve estar por aí, de cabeça para baixo, mergulhado na água, na banheira, no copo. Já lhe bateram na cabeça, roubaram o Menino Jesus de seus braços. Já o fizeram amassar a massa do pão até não querer mais. Faltaram fazê-lo escutar os discursos da Dilma e as entrevistas do Lula, e vice-versa. Isso só porque quem faz tudo isso com ele quer pedir para casar. Por isso, talvez, de vingança do santo, os casamentos estejam esses desastres?

Estamos em plena época de festas caipiras, como antigamente chamávamos essas delícias regadas a quentão, com muita pipoca, paçoca e correio elegante. Lembrei que há muitos anos, aqui em São Paulo, nesta época nos encontrávamos no Mirante do Morumbi, para ver a cidade iluminada e, muitos, para namorar no frio, dentro dos carros embaçados pelos suspiros que escondiam mais do que os horríveis vidros pretos de hoje.

Agora não tem mais disso. Até festa oficial convida só os sertanejos e os rebolations. E as quadrilhas, bem, quadrilhas temos muitas. Os buscapés correm atrás sim, de nossos traseiros. Tudo sem a graça colorida daqueles anos das ruas cheias de crianças com roupas xadrezes de flanela, tranças, chapéus-de-palha, pintas pretas pintadas nas faces. Os santos, coitados, viraram excluídos digitais.

E torturados, os infelizes. E as pessoas chamam isso de simpatias. Imagine se não fossem. Os japoneses também pegam o Daruma, pintam um olho e deixam o outro cego até que ele apresente seus serviços. O gato Maneki Neko fica com a patinha levantada tentando atrair sorte, cheio de câimbras. O mais popular dos talismãs japoneses é Buda, o iluminado, o simpático gordinho de barriga para fora, mas que fica ali, só sentado na posição do lótus, com um saco ao seu lado. Traria sorte e riqueza para quem coloca moedas aos seus pés e coça a sua barriga. No caso, sou bem prática: pego meu pai, que está mais perto, mais quentinho, é caboclo, não japonês. Ele é o meu Buda personificado. Fica louco quando corro atrás dele para passar a mão em sua barriga, pedindo sua benção.

Mas, gente, calma! Ainda dá tempo de pedir umas coisas para o São João, dia 24. A sabedoria popular garante que essa é uma data mágica e propícia a muitos encantamentos. Mãos à obra! Veja se capricha e pensa na humanidade, e em nós, brasileiros, para que sejamos protegidos de todo o mal.

Quer saber como fazer uma varinha de condão nesse dia? A fórmula é a seguinte: À meia-noite, corte com uma faca de aço nunca usada um galho de azevinho (ou um galho de chá-mate, ou um bom pauzinho), de cerca de 30 centímetros. Esfregue-a com um pouco de cinza de alguma fogueira de São João, sapecando-a um pouco nas brasas da mesma fogueira.

Sussure: - "Eu te benzo em nome do poder do Pai, do amor do Filho e da sabedoria do Espírito Santo!".

Repita o encantamento por 3, 5 ou 7 vezes; tem de ser sempre ímpar. Depois, leve a sua varinha ao mar e passe-a por 7 ondas. Se você estiver longe da praia, encha uma bacia de barro com água de uma nascente e sal grosso, deixando a varinha lá por sete dias, com uma vela de sete dias acesa ao lado. Pronto: você terá mais do que um pauzinho, um poderoso talismã, que garante trazer a quem o segura grande magnetismo pessoal e saúde, fortuna, estima e amor. Não é genial?

Já se você está querendo que o seu namoro ou casamento siga firme e forte, pegue meia dúzia de sementes de abóbora e coloque-as numa bacia com água. Na noite de São João, coloque a bacia do lado de fora da porta da cozinha, no sereno. Depois, faça uma oração a São João, pedindo-lhe que faça seu amor ser sempre fiel. Guarde as sementes em um saquinho branco de tecido.

Agora, se é o futuro de sua vida financeira que preocupa, na véspera de São João, 23 de junho, pegue um ramo de louro e passe levemente pelo fogo. Em seguida, jogue-o sobre o telhado da sua casa. Se no dia seguinte ele ainda estiver verde, simboliza dinheiro para este e para os próximos anos. Mas, se estiver retorcido, sinal de dificuldades. Nesse caso, dizem os que inventaram essa, você teria tempo de se precaver e buscar economizar para evitar maiores contratempos.

O quê? Você também mora em apartamento, não tem telhado, muito menos quintal, nem sabe onde achar fogueira? Eu também não tenho. Não posso fazer mais nada. A não ser mandar um beijo no seu coração, um beijo na sua alma ou um beijo em seu espírito, as novas manias enjoativas das declarações sentimentais dos que andam mais sensíveis neste mundo cão.

Afinal, acreditar é poder.

Acreditar é o primeiro passo.

Acreditar é preciso.

São Paulo, pulando fogueiras e rezando para todos os Santos, 2010


Marli Gonçalves, jornalista. Pretende continuar solteira, para não maltratar santo nenhum.
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