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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Meu Cartão de Natal, por Marli Gonçalves

(fonte: pt.dreamstime.com/blank-christmas-card-with-t...)

Antes que você me abandone neste fim de ano, quero lhe dizer algumas coisas. Quero dizer que valeu ter vivido para ver o que todos nós pelo menos tentamos fazer de bom, mesmo que a gente não tenha exatamente conseguido. E dizer que tenho muitos desejos, muita esperança, muito otimismo e que de novo e de novo vamos levantar e seguir em frente


Abracadabra!. Imagine o cartão mais lindo, vivo, colorido e brilhante chegando às suas mãos em um envelope de nuvens. Ou de seda, da mais pura e macia. Em suas mãos, ele resplandecerá tal qual mágica, caleidoscópica, iluminando seu olhar, aquecendo seu coração, trazendo forças e energia, para mais um recomeço. Volte a ser criança, livre, leve e solta, e receba-o com o sorriso e alegria que puder lembrar ter sentido, igual ao ganhar o primeiro presente mais almejado, boneca, carrinho, bola, bala, bicicleta, o filhote com o lacinho vermelho. Ou igual ao primeiro amor.

Sinta que esse momento chegou de novo, flutuando, e que há muito tempo não se recordava de como foi bom. Sorria.

Assim é o meu Cartão de Natal para você. Único. Esse aí é só seu - exclusivo - não tem cópia em lugar nenhum desse mundo e nem pode ser repetido ou copiado. Quero que ele leve de forma bem viva e palpável as melhores sensações para todos os seus sentidos, com aroma e sabor, e que seus olhos marejem para que possa ler tudo, límpido, o que nele estará escrito. Respire, suspire. Arrepiou?

Não posso levá-lo pessoalmente, perdoe. Se o conheço, ou se jamais nos vimos, não importará saber agora. Só não me esqueça. Em cada um dos trezentos e tantos dias de 2010, e o resto de sua vida, abra-o e dele obtenha as respostas que precisará, a calma para os momentos tensos, o alívio para suas mágoas. E que ainda sobre para ajudar até quem tiver magoado, certamente foi sem perceber. Esse cartão não precisa ser recarregado, desde que guardado com carinho e que você o tenha compreendido inteiramente.

O cartão também não traz a minha voz, mas talvez você se lembre dela, e espero mesmo que possa ler em voz alta, como se eu própria falasse ao seu ouvido. É bom falar em voz alta e repetir o que nos desejam de bom, coisa meio de maluco, coisa meio normal. E eu lhe desejo verdadeiramente tudo de bom.

Tanto a dizer. Tantas coisas nós precisamos para ser felizes. Primeiro, que você esteja feliz com seu maior parceiro, parceira, que é... Você! Uma relação homossexual- olha só, quem diria! Revelação para 2010: todos nós vivemos apenas com uma “pessoa” , por mais solitários ou populares que sejamos. Cuide bem desta relação com você mesmo, grande passo para a realização. Esqueça os preconceitos, os dogmas, as mágoas, as derrotas, os desapontamentos. Se conseguir esquecer os seus próprios desacertos conviverá melhor com os que lhe impuserem. E não tem jeito: por mais que eu lhe deseje o contrário você sabe um que outro alguém o fará sofrer este ano. Mas para compensar você descobrirá outros muitos alguéns que valerão a pena.

Desejo que seus planos saiam do papel, do computador, da sua cabeça, para o mundo real. Que o seu travesseiro seja como um tapete mágico para noites de sonhos e para suas confissões. Desejo o que diz a Oração de São Jorge: “Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem; tendo mãos não me peguem; tendo olhos não me enxerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazerem mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão; facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar; cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem”.

E que tudo isso se misture à oração de São Francisco de Assis: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé; Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado”.

E ponto. Porque acredito que é vivendo, e não morrendo, que se vive para a vida eterna.

Das coisas corriqueiras, quero que não te falte nada, para comer ou beber ou fumar. Com moderação. Que a sua cidade seja abençoada, e que seus passeios te renovem, como as sete ondas do mar em seus pés. Que possa ouvir as músicas mais magistrais e ler os livros que puder e aprender cada dia mais a separar o que realmente importa do que é ranço, lixo, descartável. Isso fará sua saúde melhor, sua cara mais bonita, e o seu corpo adequado para o espaço que ocupar. E que aproveite esse mesmo espaço para dançar a sua batucada.

Que sua família fique bem onde quiser que esteja, e que a convivência seja sempre, no mínimo, a possível, em paz. Que ninguém te obrigue ser hipócrita, preconceituoso, violento. E que consiga estar sempre alerta, pronto a mostrar garras para os que te ameaçarem. E as patinhas para quem puder servir.

Quero expressar só mais uns detalhes neste meu Cartão de Natal para você. A verdade é límpida, jamais imposta, e nada melhor do que um dia após o outro, mesmo que lhe traga rugas. Que a Natureza possa confiar que você está mesmo fazendo tudo o que pode, mesmo que demore mais no banho ou esqueça a luz ligada. Tomara que seus grandes amores recordem de tudo, tudo aquilo que foi bom, saudosos de você. Que tenha prazer, como o prazer do cachorro que abana o rabo, fiel, e o gato que ama roçar as suas pernas. Que tenha posto gente e fatos de Bem povoando esse mundo. E, quem sabe, um dia, que me dê um autógrafo. Um beijo.



São Paulo, Natal, 2009-2010, e um show de fogos de artifício.

Marli Gonçalves, jornalista. Quando eu sou boa, diria Mae West, sou boa. Mas posso ser melhor ainda se necessário, e para quem amo. Senão, também posso apenas desejar ardentemente essa máxima de provérbio e praga oriental: “Que as pulgas de mil camelos te infestem e que seus braços sejam curtos para coçar”...

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