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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ASSUNÇÃO X ASCENÇÃO


Carta encaminhada ao Diário do Grande ABC,hoje, em resposta à de um leitor, citando "uma missivista" que ultimamente é "useira e veseira" na crítica às administrações petistas, como se todos os males do País fossem culpa dos prefeitos petistas e do presidente (me recuso a escrever o nome!).

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De fato assumo, em parte e com as ressalvas a seguir, as afirmações do leitor Roberto Gomes da Silva (Palavra do Leitor, 30/10) sobre missivista - useira e vezeira (não veseira) - na crítica à administração petista. Esta crítica, especialmente na esfera federal, se prende à comparação do que o presidente dizia antes, nas inúmeras campanhas em que concorreu à presidência (com vídeos para comprovação), e a sua atuação nestes quase 8 anos no cargo maior da Nação.

Quando S.Exª. foi eleito, fiquei profundamente comovida, chegando às lágrimas, por ver a alegria daqueles que o elegeram. Confesso: tive esperança (embora desconfiasse muito!) de que a Ética - maior bandeira (que admirava) do partido - finalmente seria honrada. Os últimos fatos denunciados - a defesa ferrenha de antigos "inimigos" políticos, chamados de "ladrões" (Sarney e Collor) - colocariam uma pá de cal em qualquer esperança que restasse, para as pessoas de memória, além do acobertamento ou "perdão" de malfeitos, que se efetuados em administrações outras, seriam motivo para movimentos os mais diversos. Por que varrer para baixo do tapete um dos principais escândalos petistas, que culminaram com a saída de diversos fundadores do partido - o nebuloso assassinato do ex-prefeito Celso Daniel, e as subsequentes mortes inexplicáveis de partícipes, direta ou indiretamente, daquela tragédia?

Por que o leitor esquece (ou omite?!) - como o presidente - que a estabilidade econômica que propiciou a passagem tranquila pela crise que assustou os poderosos, se deveu à manutenção dos fundamentos econômicos da chamada "herança maldita"? O leitor parece partir de premissa, equivocada, ao afirmar que "muita gente" (portanto não só a missivista) não aceita que novos atores dessa economia viajem de avião, comprem carros, etc. O que não se aceita, é enganação de se privilegiar o ter, no lugar do ser: adquirir bens (através de migalhas distribuidas, sem contrapartida e que mantém os menos favorecidos reféns do voto de cabresto) não significa que esses "atores" se transformem em pessoas mais bem preparadas para essa migração de classes, pois isso só se dá, de forma sustentável ao longo de grandes períodos, pela preparo e formação lúcidos, que lhes propicie ascender a melhores postos de trabalho, haja vista o elevado número de postos oferecidos, segundo pesquisas, e que não encontram mão-de-obra qualificada."

Aparecida Dileide Gaziolla

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