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domingo, 9 de janeiro de 2011

Somos todos otários. Por Marli Gonçalves

Fomos chamados de otários, burros, idiotas, e vimos a nossa inteligência subestimada por bajuladores e carrapatos do Poder. Restaure-se a moralidade ou nos locupletemos todos. Também poderemos ser nome de descobertas de petróleo e sonhos, possuir passaportes vermelhos e tirar as férias com segurança nas orlas das praias das Forças Armadas. Ou ao menos queremos mais respeito. Inclusive no trato às damas, primeiras-damas e vice primeiras-damas

Esquisita. Meio esquisita a sensação. Uma forte atração para escrever, e os temas leves apenas dançando sem ajustes num frenesi irrefreável e inconstante, passando pela mente em velocidade de letreiro digital. A realidade real, do chão, da vida, do que os ouvidos escutam, os olhos vêem e o coração pressente, se sobrepõem. Somos nós. A rotina renitente e irritante de nossos dias, a obrigatória, socialmente estabelecida sem grandes rodeios está de volta.

Os primeiros dias de o Novo Poder, o feminino, passam sem grandes percalços da líder. Não se soube de nenhum piti, esquentamento ou arroubo. Beleza. Mas, em compensação, o que está vindo de lixo dar na praia da parte do ex-Poder Lula chega a ser aviltante. Primeiro, o Zinho puxa-saco resolve dar o nome de Lula ao poço ( aliás, ótima inspiração com a figura de um poço de promessas) de prospecção do pré-sal. Mas como nem para assumir seus atos serve essa gente, resolveram explicar que a homenagem era aos moluscos, às lulas, aquelas gostosas quando bem fritinhas, em anéis.

Não sei você. Mas para mim foi um tapa na cara, além de considerar como se tivesse sido xingada de otária, coisa que, quem me conhece sabe, não perd�?o, não suporto, assim como quando tentam me subestimar. Os próximos poços, pela lógica deles, vão homenagear quem? Os crustáceos? Os cetáceos? Ou os aracnídeos?

Não me subestimem. Não nos subestimem. Por favor. As luzes já se apagavam nos palácios e decretos. Que história é essa de dar passaportes diplomáticos para os moleques brincarem aeroportos afora como filhos ou neto de quem um dia foi alguma coisa? Não parece típico daqueles clãs africanos que se parafusam nos seus tronos? Para que querem o passaporte vermelho? Para combinar com as estrelinhas da camisa ou com o broche do partido? Descobertos, eles nem coram - o rubor das faces cairia bem e também combinaria. Este caso dos passaportes devemos ao ex-Celso Amorim. Que já foi.

Quanto às férias na base militar, bem, penso que não é o mais sério, embora absolutamente fora de padrão ético. Deixa o homem descansar, dizem os defensores. Pior foi a resposta de quem veio assumir o "convite" de veraneio, nada menos que o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, um dos quadros mais confusos gerados pela política nacional.

Ele não é nada. É tudo. É petista, peemedebista, serrista, dilmista, civil ou militar quando convém. É jurista, constitucionalista, mas admitiu ter mexido no lacre da Constituição. Diz-se moderno, mas apóia o armamento. Diz-se ético, mas considerou ridículas as revelações sobre as férias que diz que deu ao ex. E como tem muita gente lendo esse texto que andou precisando perambular por aeroportos e aviões do país nesses dias, nem preciso lembrar-me de suas promessas - as das cadeiras mais espaçosas, das punições, da severa vigilância, de maior preparação dos controladores, etc. Agora resolveram dar percentuais. 20% de atraso é aceitável. Se passar disso um pouquinho ainda está dentro da margem.

Não é lindo? Tenta passar isso para a sua vida! Atrasa 20% suas contas, sua chegada no trabalho, sua vida sexual.

Pelo menos, Dilma está cozinhando o galo dele e de interessados, caças e caçadores. Jobim toma chá de cadeira do assunto que, se pender para o "Oui, France", resolverá o seu futuro.

Mas ele e a outra parte do cordão dos PS está aí, todos prontos a providenciar benesses. Muito do que devia ter ido, ficou.

Também não adianta a gente falar tanto, eu sei, e sempre me dizem. Tudo é esquecido. Quem presta atenção? Por exemplo, queria entender a "surpresa!" de tantos com o casamento de Temer com a moça bonita. Já faz oito anos! Não foi secreto. Foi estranho, inusitado, cercado de mistérios que circulam até hoje, mas não foi secreto. O excelentíssimo público-leitor estaria desmemoriado? Ou esse assunto se prepara para ocupar as mentes da cidade-capital, onde pecados são muito poucos considerados, e teremos novidades nesse campo logo-logo. Vejo que a vice- primeira dama será tida como uma valiosa e emblemática prenda. E que prenda! Na corte, quem obtiver, sei lá, o favor de sua interferência, será o Don Juan do pedaço, o Casanova do cerrado. Só lembro que Temer pode virar o Drácula.

Sexo e poder sempre estiveram misturados na política e na História. O problema é quando essa mistura ainda é "batizada" com falta de ética e escrúpulos, inveja, bajulação, e com a terrível mania de fazer que notícias virem fofocas. Ou fofocas virem notícias.

São Paulo, 2011, de volta.


(*) Marli Gonçalves é jornalista. Esperando que os telegramas do Wikileaks possam reativar e reavivar nossas memórias sobre como exatamente se passou tudo o que se passou. Para ter idéia de quão otários nós somos tratados.

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