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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Balanço Geral, por Marli Gonçalves

Não tem jeito. Pode acontecer hoje, ou entre hoje e amanhã, na semana que vem. Mas até que os últimos segundos do ano cheguem você também vai parar, nem que seja por um minuto, e pensar no que fez, deixou de fazer. Ou no que pretende ou ao menos "devia tentar" já no espocar de 2011.


O jornal trouxe meu horóscopo diário mais direto que o habitual. Achei até que podiam estar me espionando, olha a nóia! Gêmeos: "Clima astral intenso para você, às voltas com miudezas e delicadezas, gente querendo muito e você disposto a quase nada. A vontade é de fugir para longe, se entregar ao mundo idealizado. É um clássico no fim do ano, aguente firme" .

Entendeu? Foi direto. Como um conselho amigo, mas que me fez foi rir do espelho. Final de ano é mesmo um porre. A pressão da panela sobe e o apito gira; os nervos ficam à flor da pele, com as emoções na ponta dos dedos e todo mundo tenta resolver ou fazer que resolvam coisas para as quais tiveram o ano inteiro, principalmente se puderem jogar todas essas coisas a fazer para cima de você e partirem, lépidas, em suas viagens. Pá! Batata!

As contas, ah, as contas chegam muito mais rápido do que o normal - as de janeiro, porque acho que o povo tem medo que você viaje e nunca mais volte. Em dezembro, algumas já vieram em dobro por conta do 13º Salário, como se todo mundo o recebesse, o que decididamente não é o caso. E tem as cartinhas e bilhetes grampeados nas contas, nos jornais, todos apelando por sua generosidade. As listas, as lembranças, os presentes, a comida, a bebida, a roupa de Natal, a roupa de Ano Novo (e os sapatos). Os "plantões" (e as folgas que têm de conceder). Os acertos familiares ideais para não rolarem crimes por causa de encontros desprogramados.

Se eu que tenho só uma familinha passo por isso, imagino vocês, casados, com filhos, netos, sogras, sogros, cunhados e cunhadas. Além dos agregados de todos os matizes. Sinto muito.

Como de hábito estou duranga total, e com contas parceladas até os meados do Futuro. Assim há mais ou menos um mês, decidi: separei um pouquinho de dinheiro e comprei uns apetrechos. Acreditem, resolvi fazer com as minhas próprias mãos alguns dos presentes para as pessoas que amo ou devo, por dever ou amar. Consegui até uma pistola de cola quente, que já quase torrou foi o meu dedo. Separei tudo - pedrinhas, brilhos, cartões postais, colagens, brinquedinhos, fotos, para ideias de todas as espécies dos meus presentes "personalizados". Pergunte: quantos estão prontos? - Ah, nenhum! E o tempo para o diletantismo? Mas com a tal pistolinha já arrumei um monte de coisas quebradas e descoladas que eu tinha lá em casa.

Ainda tenho que dar a famosa geral nos armários, separar as contas e papéis, trocar de agenda, correr atrás de legalização de documentos de empresa, já que há mais novidades burocráticas surgindo e vigentes a partir de 01/01/2011, fazer umas compras básicas de subsistência, levar o carro para fazer revisão ambiental, levar a gata para vacinar, etc. E põe etc. nisso.

O tempo que me sobrar - dá licença - usarei para o Meu Balanço Geral, ou você pensou que eu tinha esquecido o tema?

Há de se ter muito cuidado nessa área, nessa hora, para não rolar é uma boa de uma depressão com as avaliações do ano que já está indo com Deus. Afastar a sensação de que nada adianta e que não adianta tentar porque nada funciona - tem uma série que não funciona mesmo, mas não é culpa sua. Afastar a idéia de que nada dá certo - algumas coisas (e pessoas) dão.

Sei também que não adianta querer programar muito as coisas. Isso pode torná-las chatas. Nossa vida é um punhado de desejos que saímos buscando, mesmo sem saber quais são, e às vezes nos deparando com surpresas. Precisamos é desejar mais, querer mais, tentar melhorar, enquanto gente, enquanto estivermos por aqui, com quem amamos e amaremos.

No Balanço Geral é bom tomar decisões positivas contra coisas negativas. E tentar não ser tão duros com nós mesmos, ao avaliar alguns ângulos. Além de propor a si próprio não se contentar com esmolas emocionais, nem intelectuais, nem com a barbárie. Não se submeter a nenhum tipo de escravidão. Ah, e nada de passividade bovina.

Entre as coisas que vou mentalizar incluirei que nada falte para mim nem para os meus; boas noites de sono. Prazeres, que sejam aguçados. Encontros, que sejam em maior número do que os desencontros e que eu encontre várias, muitas vezes, com o meu prazer e que, pertinho de mim, ele também será mais feliz e mais forte, como se no Paraíso estivéssemos nesses momentos, fugazes, mas fortalecedores.

No Balanço, que também será projeção, ainda pedirei desafios que consiga ultrapassar, conhecimentos que consiga obter e a tranquilidade necessária para criar. Menos barulhos. Mais risadas e lágrimas que sejam só de emoção, daquelas que limpam a gente por dentro.

É, mais uma passagem de ano em que não poderei ir pular ondinhas nem tomar o banho de descarrego no mar. Mas tudo bem, porque como em todos os anos ocorre, até por falta de tempo, farei o Balanço quando estiver totalmente nua, no chuveiro, no último banho do ano.

Eu me conheço.

Brasil, São Paulo, Capital. Quase, quase o ano que a gente nem sabe, mas vai rolar.


(*) Marli Gonçalves é jornalista. Ainda não sabe a cor da calcinha que vai usar na tradicional passagem de ano. Nem se vai usar calcinha. De repente, melhor deixar tudo livre, como as ideias e os desejos.

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