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domingo, 9 de maio de 2010

Perguntas que não calo, nem quando espirro, por Marli Gonçalves

Pausa. Aperta o play. Tem um monte de equipamentos que são assim. Ficam parados algum tempo e depois dão defeito. Outros, ao contrário, pareciam mortos, mas ao se dar a partida sem muita fé, a surpresa: ressuscitaram. Mistérios eletr�?nicos. Agora posso entender que deve ser alguma coisa que emperra, enferruja, muda. As paradas são sempre muito significativas e emblemáticas. É uma rotina que se quebra, uma outra prática que é necessário estabelecer. E o que é pior: de fora, de outro ângulo, você já começava a ver outras coisas. Umas boas, outras, nem tanto.


Como quando a gente usa o binóculo para averiguar redondezas, preciso criar coragem e por o pé para fora da porta. Abro. Olho de um lado. De outro. Dou três passos e quero voltar, perdida entre dois mundos. É de arrepiar. Pouco mais de 45 dias o tempo que fiquei fora do ar. Aqui, mas fora do ar. Acabou março, abril se esparramou e maio anuncia junho.

Duas ou três vezes nesse período fiz experiências que logo se mostraram cansativas. Mas eu sabia que eram só pausas e que logo voltaria para a caverninha que fiz , abrigada na casa de meu pai. Na rua, muita gente para ver passar, muito barulho, buzinas, brigas... Numa dessas escapadas trouxe comigo, de volta para casa, e sem convite, uma gripe forte. Tanta coisa - podia, sei lá, ter achado dinheiro. Um príncipe encantado. Não. Achei foi uma gripe mesmo, daquelas de tirar pedaços do cérebro, usar caixas e caixas de papel, derrubar, entortar.

Não estava de férias. Talvez fosse diferente, porque em férias a gente vive aventuras, come errado, tem febre, diarréia. O de praxe. Mas tudo está bom.

No meu caso, mais reclusa, no hospital ou em casa, todos os dias, religiosamente, visitei o mundo via computador. Como vivemos sem isso? Como viveremos com isso? Fui ao escritório, por acesso remoto. Vi e li o que as pessoas faziam via Twitter e Facebook. Festas que perdi, com fotos e filmes, mas também não sei se iria. Os portais me atualizavam dos fatos. Dei espiadelas nos pontos de webcams espalhados pelo mundo. Escrevi e as letras foram para um monte de gente em um monte de lugares. Comentei muito umas coisas no meu blog. Mas era como se fosse só um fantasma, uma coisa Chico Xavier que está na moda.

Agora é hora de me materializar. E de voltar para a realidade desse mundo cruel, cheio de perguntas que não calo: quem deu a menininha para a procuradora bruxa? Quem autorizou essa adoção? Foram feitas entrevistas? Quem conversou com ela, investigou se ela poderia? Pelo que entendi era uma adoção oficial. Será que a carteirada ou carteira dela tilintou?

Não calo! Quais critérios são usados para a contratação de vigias de bancos e suas portas ignóbeis? Há muito tenho próteses que apitam. Já subi a saia e fechei o tempo. Podia ter tomado um tiro. O cara tem um marcapasso e é negro. Tenta entrar no banco para receber a miséria de uma aposentadoria por invalidez e recebe a morte. Racismo, desconsideração, descontrole. O que é isso?

Romeu Tuma Jr, que deveria ser guardião de princípios de justiça, vive quebrando-os. Aliás, todo o Ministério da Justiça nos últimos anos está aterrador, descontrolado como o seu organograma, contaminado pela sarabanda toda. Várias PFs, símbolos que não se encontram, descaminhos. Agora, imagine que ele, Tuma Jr., disse que é muito grande a amizade dele com o chinês (desculpe, não há descrição melhor do que essa, disponível), independente de saber se o chinês é traficante, contrabandista ou contraventor. Surpresa. Basta olhar. Vocês conseguem imaginar o Tuminha Jr. fazendo, por exemplo, uma viagem de turismo aos Lençóis maranhenses com esse amigo? Vem bombardeio aí, porque a Secretaria Nacional de Justiça estava meio se fazendo de tonta - e por ali têm passado muitas decisões importantes, que agora necessitarão ser revistas. A blindagem do tiroteio já começou. E ele, Tuminha, nos manda "tirar o cavalo da chuva".

Não calo, não calo. Dilma, Tia Dilma. Quantas trapalhadas para tão poucos dias de campanha! Que divertido. Sinceramente, estou adorando. Aceite mesmo as sugestões de moda e estilo que o presidente está lhe oferecendo. Dê bastante declarações e entrevistas, principalmente para o seu pessoal. Acho que eles relaxam você, e aí você aparece - muito mais transparente e despreparada. Convida o Temer! Vai ser uma delícia ver a simpatia e fotogenia de ambos nesse mundão de Deus.

Mas, por favor, joguem limpo. Tirem a mão do coldre. E eu não calo a pergunta: quem está fiscalizado a publicidade massacrante que vem sendo feita do governo desse país tão legal, tão rico, tão produtivo, tão desenvolvido, tão diplomático, chamado Brasil?

E vocês aí! Ainda esperam que eu queira voltar correndo para a realidade?

São Paulo. Aperta o play.


Marli Gonçalves, jornalista. - Tenho muitas outras perguntas e que vou continuar fazendo. Sempre fui curiosa.

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