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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Chega de sarney pelo amor de Deus!

(ilustração da nossa querida Silvane Sabóia)

Neil surtei Ferreira.
Vivi pela tevê Senado algumas tardes de horror, talvez você tenha se protegido e fugido do sórdido espetáculo, no que fez muito bem. Eu deveria ter feito o mesmo, bastava desligar a tevê. Se o fizesse, de nada adiantaria.
Recebo três jornais todos os dias. Este DC, jornal plural, bem feito e irreverente, que publica meus escritos às sextas-feiras na página “Opinião”, e é o “home” do Museu da Corrupção. O Estadão, que assino há anos em respeito aos Mesquitas de centenária coerência democrática e pelos artigos afiados do José Nêumanne, um dos meus gurus. E a Falha de S.Paulo, que reune uma notória equipe de veteranos jornalistas autodenominada “as moscas que cairam na minha sopa”, quando, corajosos e percucientes como afirmam ser, deveriam cair na sopa do Cara, do sarney, renan, daniel dantas, mercadante, enfim na sopa dos graúdos detentores do pudê político e econômico. E não na dos pobres assinantes indefesos como eu, obrigados a engolir com a nossa sopa a mosca chapa-branca Kennedy de Alencar, porta-letras do “nosso” franklin, sequestrador de nomeada.
Imagino que pelas 8 da manhã tenho mais ou menos um quadro de como o dia se apresentará às minhas fuças, numa diária batalha contra meu sonho de acordar num país sem tanta corrupção, que resvala nos 30% do PIB. Sem chance.
Se tivesse desligado a tevê Senado ontem, seria engolfado pelas capas dos jornais de hoje, unidos na tarefa de me fazer vomitar. (Vou sugerir que distribuam, como encarte, aqueles saquinhos que há nos aviões para serem usados em caso de “motion sickness”, aqui seria em caso de “news sickness”).
Mas não. Fiquei idiotizado, hipnotizado pela telinha, como hipnotizado e idiotizado estou pelas manchetes e fotos das primeiras páginas.
Vi o fim da picada, sarney, pedro simon, Jarbas Vasconcelos, renan avacalheiros, collor, aquela esdrúxula figura barriguda de colete e tranças, ridícula Rapunzel, encenador sem votos por Minas Gerais, suplente do Hélio *osta, pau mandado da Globo no trambique japonês da HDTV.
Todos latindo e rosnando em volta da fedentina do tema sarney, a tropa de choque do Imperador do Maranhão cada vez mais chocando-se com a vergonha na cara que não têm, e com a opinião pública para quem se lixam, que busca fatos nessa imprensa que teima em escarafunchar no esgoto e que o filhinho do papai mandou seu desembargador de estimação censurar.
Vi o mercadante bigode a bigode com o ex-inimigo sarney e quase um espelho do ex-inimigo collor, ambos com ar de agressividade contida.
Num dia, o folclórico mão santa na cadeira de presidente, grudada com Super Bond no traseiro do sarney. É dele (dizem) o Enunciado do Encenador, pronunciado com seu pesado sutaque -- “O Paraíso pode ingistirrrrr... massss u Senado é milhórrrrrrrrr...”
No outro dia, marcondes perigo, perigo porque é da oposição e vice-presidente e o Cara, na guerra para salvar sarney, acusou a oposição de querer levar no tapetão.
A um esperado momento, o Cara desertou da coalização da defesa sarnífera aos uivos de “Não votei nele para presidente do senado !”, “Não votei nele para senador do Maranhão !” Enfim uma verdade saída da boca do presiMente tão avesso às verdades, sarney não é do Maranhão, é do Amapá. Amapá ? Sei lá.
Bastou uma pesquisa insinuar que a defesa do sarney estava pegando mal para sua imagem e o Cara pulou do Titanic para as águas congeladas do Atlântico Norte.
Ah, prá quê, cara. Embarcado na tribuna, sarney mostrou que sentiu a fujonice do (ex) aliado fujão e acabou com elle no seu discurso, que pensei que responderia as acusações, errei. Atacou o Cara, reduziu-o a pó. Percorreu o árduo caminho dos idos de março de 1964, quando era um bebezinho de apenas 35 anos, até a primeira década deste século, uomo di respeto. Apropriou-se descaradamente de tudo que o Cara jura descaradamente que fez sózinho a partir da sua posse em 2003 -- a proclamação da Independência, a Guerra do Paraguai, o Fim da Escravidão, a proclamação da República, a encarnação de Jesus, Tiradentes, Getúlio e JK, o controle da inflação, largou o Cara sem poder falar nadinha de “nunca antes nesse país...”
Noves fora sarney, honestidade sem jaça, sai santificado, a comessão de ética arquiva tudo, desliguei para não ver os heróis da resistência levantaram-se, darem-se as mãos e cantarem o Virundum, como fazem sempre que nos tapeiam de novo.
Foi quando achei um ponto de contato entre o que penso neste momento e o fantasma do pt da ética na política, que vagueia por aí arrastando correntes, com um projeto para fechar o encenado, dar jeito nos 81 encenadores e seus “auchílios”-moradia, passagens digrátis, planos de saúde vitalícios e o escambau a quatro, mais gabinetes com 20 funcionários, secretárias, carros oficiais, seguranças – e 10 mil funcionários que ninguém sabe se funcionam, tudo às nossas custas.
Surtei. Nesse quesito, virei petista de carteirinha desde criancinha. Até um relógio parado está certo uma vez por dia.
FORA ENCENADO, CLOACA DO PAÍS

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